terça-feira, 3 de abril de 2007

Na rodoviária


Graças a ajuda de Henriqueixas e com base em algumas pesquisas que fiz, vou tentar dá uma esplanada na música:

Raul, no ano de 1979, estava passando por um período extremamente crítico, andando com pessoas de antecedente duvidosos como Oscar Rasmussem e brigou com Cláudio Roberto devido a atritos referente a autoria da música “Por quem os sinos dobram”.

Tudo que vem a seguir representa opiniões exclusivamente minhas do que poderia estar passando na cabeça de Raul ao compor a música, mesmo que de forma inconsciente e utilizando a técnica de associação livre:

O título expressaria a provável localização de Raul. O início mostra fatos comuns, música ao seu redor que nada tem a ver com ele. Não há nada de novo ocorrendo com ele, até que, num momento de reflexão ele toma um susto:

“O oboé e a flauta soam
Assim como os sinos ecoam
Em ecos nobres procedentes do Oriente
Nada de novo no front
Treze vezesAnteontem
Ah, meu Deus
O invento da vela”

“Ah meu Deus, o invento da vela” Talvez ele, consciente ou não, estivesse associando seu aniversário à vela. Uma preocupação com a idade e com sua situação atual. Raul está nesse momento com 34 anos as vésperas de completar 35, metade da expectativa de vida mundial na época. Ele vive um momento de crise e talvez ache que está perdendo tudo que ele sempre foi.

“Cinderela e Aladim
Abracadabra e Abra Melim
Abre-te Sésamo, James Dean
Noves fora zero Nada
Al Capone
Bruce Lee
Você pode também estar aqui
Na lista telefônica
Assim como a vela”

Notem que Cinderela, Aladim, Abracadabra, Abra, Melim, Abre-te, Sésamo, James e Dean formam 9 palavras mágicas, encantadas de alguma forma e que ao afirmar “Noves fora zero Nada” ele afirma que está perdendo isso. Al Capone e Bruce Lee podem representar corrupção e agressividade e que isso pode estar ainda nele, mas que isso o torna comum, a ponto de se encontrar em qq pessoa da lista telefônica, e ele retorna a vela, que como falei, representa seu aniversário.
"A vela de cera
E a cera pega fogo
E o fogo lá da vela
É o eterno coringa do jogo"

Vejam como a vela está relacionado a vida dele: Qt mais tempo(fogo) a vida (vela) possui, mais ela vai se apagando. E o que é o coringa se não um fator surpresa...
"O pa-pa-Papai Noel
É um presépio de papel
Confunde a quem não puder se defender
É 35 de aluguel, foi aljures mausoléu
Violeta Parra e Nero iluminaram Roma
Assim como a vela"
Retornando ao Raul de 79, ele também estava em crise por ser considerado um guru após o lançamento de Gita. Papai Noel pode representar uma autocrítica, já que um presépio de papel não valeria nada. Tb pode representar um retorno, um trauma, já que ele, ao cantar esse trecho fala como criança (tópico de psicanálise: os traumas que ficam escondidos no inconsciente acontecem até os 4 anos na formação do complexo de Édipo). É comum esse pessimismo em pessoas de enorme inteligência. Sartre, considerado por muitos pai do existencialismo, achou que nunca mereceu o Nobel que recebeu. Na frase “é 35 de aluguel” vejam a idade que está pra chegar, associado a uma palavra que pode até representar escravidão. E no final, retornando a vela, ele associa a grande queima de Roma por Nero, provocando destruição.
Resumindo, uma música extremamente pessimista, chocante e que retrata um Raul em crise, sem perder a genialidade.
Aguardo a opinião de vocês.
Abraços!
Elloc

quarta-feira, 28 de março de 2007

Um som para Laio

Saudações Raulseixistas!

Essa música somente tocava na minha cabeça, sem necessariamente ter um nexo. Cantava somente por achar que tem um toque bacana:

Um Som Para Laio

Raul Seixas
Composição: Raul Seixas

Na minha cabeça uma guitarra toca sem parar
Trago uma para de fones nos ouvidos
Pra não lhe escutar

O que você tem pra dizer
Ouvi a cem anos atrás
O que eu faço agora
Você não sabe mais

Hey man! hey man!
Uou man! uoo man!
Crazy man! crazy man!
Yeah!I'm all right !Yeah! yeah!
Listen to the music
Yeah! yeah! man
Listen to the music! yeah!

Comecei a cantar sozinho, sem interpretar nem pensar no título. Me pareceu uma música tao simples, do tipo daquelas que você apenas canta bem alto para poder desestressar. Título?!? Bah, o bom mesmo dessa música é cantar...

Acontece que comecei um curso de psicanálise e na segunda aula o professor contou a história de Édipo, filho de Laio... Laio? “Peraí, já ouvi esse nome em algum lugar... Ah, é naquela música de Raul!”.

Não demorou muito até que eu me tocasse do sentido da música: Édipo é o símbolo do inconsciente para Freud, logo seu pai , Laio, representa o superego ( juntamente com o ego e o id-inconsciente- formam a estrutura psicológica, responsável por castrar o ego).

Com essas informações, pude interpretar a música de tal maneira: A música possui duas formas de Eu lírico, uma representada pelo homem (ou ego) e a outra pelo inconsciente, respectivamente azul e vermelho. O trecho em azul mostra ele (Raul) percebendo que seu inconsciente tem atitude própria e o trecho em vermelho demonstra que o inconsciente já sabe tudo que o ego faz, mas nunca o ego irá saber o que ele faz agora. Os demais trechos em inglês mostraria o conflito entre essas duas entidades.

Talvez alguém tenha outra interpretação, mas duvido muito que ela se distancie da minha.

Os fãs de Raul podem até gostar do estilo de sua música, de sua ironia ou de sua excentricidade, mas cada vez que me aprofundo nas ciências humanas sinto melhor cada música de Raul, como essa que eu achava que nada tinha a ver...É como se ele quisesse passar seu conhecimento de modo que só alguns poucos entendidos a oompreedessem... Talvez uma estratégia de Marketing... Por ex, a partir do momento em que só uma pessoa que soubesse quem foi Laio e seu significado ouvisse essa música, ela se sentiria bem por ser um dos poucos a compreender o real sentido e passaria a ouvir Raul com mais afinco. Seria a conquista definitiva da elite intelectual.

Numa certa conversa com Raulbuquerque (um amigo meu que vez por outra falarei aqui) ele me falou que muitas coisas de Raul possuem duplas interpretações, mas que existiu uma fase em que tudo que ele falava era o que estava escrito literalmente. Agora eu me pergunto: “Será, será?”. Será que toda música de Raul, 99% que não ultrapassam 3 minutos, não possui um significado escondido? Uma charada, um enigma? Será que em cada nota ou canção ele não grita em nossos ouvidos um “decifra-me ou te devoro!”?

Bom, cabe a cada um de vocês desenvolverem uma opinião.

“Enquanto Freud explica as coisas, o Diabo fica dando toques!”

Abraços para todos!

Elloc

Ao mestre, com carinho

Aproximadamente aos treze anos, coloquei uma fita K-7, no som do carro da minha mãe. “Raul Seixas... será que é bom?” me perguntei. Até então, nunca tinha “ouvido” uma música sequer. Para não parecer deslocado nas rodas sobre o assunto, eu dizia que gostava de Sertanejo, só por que, algum dia, eu tinha aprendido a cantar “Pense em mim” de Leandro e Leonardo.

A primeira música que ouvi foi “Metamorfose Ambulante”, uma verdadeira bomba psicológica na cabeça de um recém-entrado na adolescência. Depois fui ouvindo o restante e pensei: “Putz, o cara não canta tão bem assim, mas então, porque não consigo parar de ouvir?”.

Desse dia em diante, ganhei uma professor, amigo, conselheiro, pai... Cada música de Raulzito me fazia refletir sobre coisas que talvez eu nunca sequer refletisse em minha vida. Quando triste ou precisando de uma força, ouvia o “Tente outra vez”, “Você ainda pode sonhar” e “Por quem os sinos dobram” e sentia minhas energias revigorarem. Quando apaixonado, sempre me identificava com “Tu és o MDC da minha vida” e “Prelúdio”. Tive “A lei” embaixo do braço e ao pé do ouvido quando queria definir uma posição ética ou política. E quando simplesmente queria questionar, bastava dar um grito de “Toca Raul”, que o que viesse, atenderia meu desejo.

Tinha vezes que eu gostava de ouvir música sem ouvi-la e achava que Raulzito poderia me oferecer isso, mas depois vi que essa função cabe exclusivamente ao Axé. Alguns fãs acreditam que existem músicas de Raulzito que são somente músicas sem algum sentido por trás, mas depois de analisar “Um som para Laio” e “Na rodoviária” percebi que todas as músicas possuem algum significado...

Hoje, quando me perguntam qual é o meu estilo, digo que são todos, visto que, do Brega ao Rock, Raul toca tudo! É muito fácil ser o Rei da música tocando o mesmo tipo de música melosa o resto da vida. Gostaria de ver outro cantor que fizesse o que Raulzito fez cantando “n” estilos de música e angariar milhões de fãs que o ouvem mesmo após dezessete anos de sua morte.

E é isso que pretendo mostrar no blog que criei, o www.ml743.blogspot.com . A medida que meu conhecimento foi aumentando, achei Nietzsche, Freud, Kafka, Schopenhauer e Sartre nas letras de Raul. Pretendo mostrar uma ou outra coisa que aprendi nas músicas dele. Isso é o mínimo que posso fazer para retribuí-lo e a única coisa que ele me pede. Faço parte da “Geração da Luz” e a pedido de Raulzito, ajudarei o mundo a alcançá-la.

abr@ços

Elloc